sábado, abril 16, 2005

Pastelaria das Maravilhas

No Reino Unido, uma sexagenária foi condenada a seis meses de prisão por cozinhar diversas iguarias nas quais incluía quantidades mínimas de cannabis. Intrigado com este assunto e com intenção de aprender mais sobre esta nova escola de cozinha, decidi deslocar-me a um estabelecimento especializado. Dirigi-me então à Pastelaria Pedras, que fica no Bairro da Picheleira. Assim que entrei, mergulhei numa densa nuvem de fumo que tinha um cheiro estranho. A pastelaria estava vazia, pelo que o empregado se desfez em atenções:

- Ora muito bom dia senhor! Deseja alguma coisa? – disse, enquanto piscava o olho repetidamente em jeito cúmplice.

- Para já, queria que parasse de piscar o olho....Obrigado. Para além disso, queria também um xadrez e um ice tea., se faz favor.

- Lamento, ice tea não temos. Aqui só vendemos coca-cola.

- Então pode ser. Deixe-me dizer-lhe o que me traz aqui. Não sei se já ouviu falar da velhota inglesa, que foi presa por cozinhar com cannabis? Vinha saber se tem formas de pastelaria... alternativas, e que me diga como e quando as descobriu.

- Soube dessa senhora. É vergonhoso que só agora se preste atenção à arte de cozinhar com estupefacientes. Cá no estabelecimento, é a minha mulher que trata disso. Viemos casados da Colômbia...vivi lá 10 anos! A minha Maria Joana tem um grande talento para isto. É pena não a ter apanhado cá, ela foi às compras.

- Pelo vistos ainda é capaz de demorar, portanto, da forma como os hipermercados estão cheios.

- Hipermercados? Não, ela foi ali à cave do Tozé Fuminhos. È no quarteirão vizinho.

- Deixe lá isso. Tem aqui expostos alguns “exemplares”?

- Sim, mesmo à sua frente está o palmier negro, que leva um topping de chamon caramelizado. Logo ao lado, tem o pastel eufórico, que tem recheio de creme de pastilha que ela faz tão bem. De resto, já só tenho o rissol de ervas e os cavalinhos brancos, que são do melhor que há. Pode levar um de graça, se quiser.

- Er... não é preciso, obrigado.

- Leva, leva, que é para provar o que é bom. E leva mais dois que é para dar a alguém se for caso disso.

- Não, a sério, não posso aceitar, era abusar da sua simpatia. Tenho a certeza que são caros. Nunca teve problemas com a polícia?

- Não senhor, não tenho razões de queixa dos senhores agentes. São os clientes mais educados que tenho. Nem têm o hábito de se meter nos torneios de apunhalamento que a rapaziada de vez em quando aí arranja. Sabe lá o cagaçal que eles para aí fazem...então quando começam com as...

- Pois, sim. Se calhar eu devia era ir andando...

- Já? Não quer comer mais nada? Fique mais um bocadinho, ainda tenho mais histórias para contar...

- Acredito que sim, mas tenho mesmo que ir andando, lembrei-me agora que deixei um tacho ao lume...

- Ah, sendo assim é melhor despachar-se, todo o cuidado é pouco. Tenho um primo que deixou um pof aceso em casa e que largou fogo a 4 andares. Vá lá que só morreram 2 periquitos.

- É, é. Obrigado e bom dia!

- Passe bem!

Voltei então para casa mais instruído, mais cidadão do mundo. E a pé, porque um cabrão qualquer entretanto me tinha roubado o carro. Por alguma razão comecei a ver poltergeists a saltar à vara por cima dos autocarros da Carris. Talvez fosse dos vapores do café.

sábado, abril 09, 2005

Greve Humorística

Devido essencialmente ao ciclo lunar, as capacidades humorísticas (ainda que duvidosas) dos meus camaradas e de mim próprio estão em baixo. Ao que parece, o ciclo lunar produz pequenas, porém, importantes alterações ao nível de um complexo que existe associado aos restantes neurónios, que influencia o estado de espírito. Mais ou menos por esta altura, o humor pura e simplesmente desaparece.

A explicação para esta situação teimava em permanecer escondida dos neurobiólogos, mas finalmente foi descoberta. Foram encontrados vestígios do que aparenta ser uma "greve neuronal". Os neurónios do referido complexo entraram em greve, barricaram-se no lobo parietal e declararam guerra a toda e qualquer tentativa de alteração do seu estado (pelo menos durante um ciclo lunar). Apesar de tudo, dados recentes, sugerem que os neurónios poderão reiniciar a sua actividade, quando começarem a ser ingeridos cerca de 400 g de mirtillos por dia, mas nada de concreto se sabe sobre isso.

Como todos estes dados são relativamente recentes, não existem previsões em relação a uma possível data de terminus desta greve. Ao que parece, a greve humorística está aí e não tem data para se ir embora.

sexta-feira, abril 01, 2005

Isto é tudo verdade

O Orphopheu, no âmbito da sua natureza de sociedade informativa, encontra-se em condições de fazer as seguintes e, eventualmente, chocantes revelações.

- Por uma questão de comodidade, os acetatos das aulas de Física de Biologia passarão a ser projectados na parede norte do ICAT. Ficará ao cargo dos alunos o cálculo do azimute;

- A Secretaria Central, já a partir da próxima semana, vai começar a oferecer senhas de almoço no C7 para todas aqueles que tiverem de esperar mais de meia hora na fila. O início da próxima semana coincidirá, curiosamente, com a deportação do Cozinheiro-Chefe do C7 para Kampala, no Uganda;

- A Biblioteca Central da FCUL estima que o aluno 1 milhão cruzará as suas portas durante a próxima semana. O felizardo receberá um exemplar autografado do livro Introdução à Probabilidade e à Estatística de Dinis Pestana;

- O Orphopheu sabe que a Reitoria da UL emitirá, em breve, um comunicado a oferecer uma recompensa a quem encontrar o aluno Feliciano Miguel, visto pela última vez no dia 17 de Novembro, no edifício C6, à procura do Departamento de Matemática. O aluno envergava uma camisola branca de malha e calças de ganga azul aquando do seu desaparecimento. Existem indícios de que este ainda se encontre no edifício, mais concretamente no piso 0, que foram recolhidos junto dos seguranças, que dizem ouvir gritos a partir das duas da manhã;

- O Conselho Executivo assinou um acordo com o Circo Cardinalli para a instalação de um trampolim gigante no átrio do C6, com o objectivo de promover a actividade desportiva no espaço da faculdade. Para promover esta actividade, a Faculdade oferecerá um garanhão, puro sangue lusitano chamado Madalena, a quem conseguir saltar para o Hipódromo e pelo caminho efectuar um triplo mortal encarpado.