segunda-feira, outubro 17, 2005

Viagem a 2026

"Corria o ano de 2026 e era mais um Verão abrasador em Portugal. Milagrosamente, os incêndios não eram muitos, havia pouca floresta, entretanto ardida nas últimas décadas. O implacável Louçã, chefe do governo, bramava na Assembleia da República, impecável no seu fato claro, gravata de seda a condizer, que a área ardida era cem por cento menor do que no tempo dos canhestros socialistas, entretanto derrotados nas últimas legislativas por uns meros vinte por cento em relação aos bloquistas. PSD, PP e PCP, coligados numa aliança com o pomposo nome AUO (A Última Oportunidade), tinham obtido apenas cinco por cento dos votos e é claro que estavam muito acabrunhados. Entretanto, a educação só estava ligeiramente pior, os alunos chumbavam que nem tordos mesmo em exames propositadamente acessíveis, a saúde estava como há vinte anos (mal!) e os turistas fugiram de Portugal pois recusavam-se a pagar um balúrdio no transporte da Ota até à capital, que era bem mais caro que a viagem propriamente dita. O trajecto Lisboa/Porto continuava nas três horas porque o TGV tinha falido por falta de clientes. Claro que não ser homossexual era visto como uma aberração. Morria-se bastante nas estradas portuguesas pois os carros eram movidos a gás por questões económicas e rebentavam como bombas quando colidiam de frente nas auto-estradas há muito desprovidas de portagens e vigilância. Quanto a Mário Soares, já centenário e convencido de que era ainda o salvador da pátria, ganhara as últimas eleições para a Presidência por falta de comparência de outros candidatos, todos ele imberbes e ainda na casa dos sessenta."

José Sebastião
in Notícias Magazine

1 Comments:

Anonymous Anónimo disse...

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12:25 da manhã  

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